A segunda metade de 2022 começou com 29% das famílias brasileiras com algum tipo de conta ou dívida atrasada. Esse é o maior percentual de inadimplência registrado desde 2010, quando a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) iniciou a apuração mensal, realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Do total de endividados no País, 85,4% possuem dívidas no cartão de crédito, ou seja, uma das mais caras.
E situações não planejadas podem acontecer a qualquer momento e impactar diretamente o orçamento do mês. Pense em uma cirurgia que o plano de saúde não cobre, um vazamento em casa, os honorários daquele advogado ou a perda do emprego. E para ajudar nesses casos, é essencial ter uma reserva financeira para emergências. Ela será seu porto seguro caso ocorra qualquer acontecimento que não estava nos planos.
Confira como fazer uma reserva de emergência
O primeiro passo é saber quanto dinheiro guardar para uma emergência, precisamos considerar, primeiramente, alguns aspectos importantes:
- custo de vida: é a média dos seus gastos mensais ou quanto você precisa para viver o seu estilo de vida atual;
- nível de empregabilidade: o quão seguro é o seu emprego é o que vai dizer qual o tamanho ideal para o seu colchão financeiro; e
- fontes de renda: quanto mais fontes de pagamento você tem, menor o risco de ficar totalmente sem renda.
Assim, fica mais fácil prever quantos meses é necessário segurar na reserva, sem que você precise juntar demais (e deixe de conquistar outros objetivos) nem de menos (e fique exposto ao risco desnecessário).
Só você pode definir a situação mais adequada, mas, via de regra, utilizamos os números abaixo, de acordo com a empregabilidade:
- servidor público: baixa chance de perder o cargo, reserva de 3 a 6 meses do custo de vida;
- funcionário da iniciativa privada: risco moderado de perder o emprego, reserva de, pelo menos, 6 meses do custo de vida;
- autônomos e empreendedores: alto risco de ficar sem renda, reserva de, pelo menos, 12 meses do custo de vida.
Pronto! Depois de calcular o valor da sua reserva de emergência ideal agora é a hora de definir um valor a ser guardado. Você pode começar com um valor bem baixo, mesmo que seja 5% da sua renda ou menos, mas não deixe de poupar esse pouquinho.
Feito isso é hora de pensar onde guardar esse dinheiro.
Se você pensou em “poupança”, está considerando os aspectos certos, mas talvez não o melhor investimento. Veja, abaixo, as melhores opções para investir a reserva de emergência.
Tesouro Selic
Esse título do Tesouro Direto é o mais seguro atualmente (sim, mais que a poupança), pois é garantido pelo Tesouro Nacional. A sua liquidez é em D+1, ou seja, você pede o resgate em um dia e recebe o dinheiro no dia útil seguinte. Seus rendimentos acompanham a Taxa Selic, que é a taxa básica de juros do país.
CDB liquidez diária
O CDB é um título de crédito privado, isto é, ao comprar esse produto, estamos emprestando dinheiro à instituição financeira que emite o título. No fim do prazo, recebemos o dinheiro de volta, com juros.
Esse investimento tem a garantia do Fundo Garantidor de Crédito no limite de R$ 250 mil reais, por instituição e por CPF. Quer dizer, dificilmente sua reserva será tão grande, então, não há com o que se preocupar.
Existem CDBs com prazos bastante variados, mas é importante que você escolha um que possa resgatar a qualquer momento. Por isso, para a reserva, procure por CDBs de liquidez diária.
Contas que rendem
Essas talvez você já conheça, são contas como a Nubank e o Picpay. Nelas, você deposita o dinheiro e ele fica rendendo sem você precisar aplicar em lugar nenhum.
Basicamente, essas contas funcionam como um CDB, com rentabilidade ligada ao CDI. A diferença é que elas não têm a mesma garantia do FGC. Por isso, para que seja seguro, a instituição precisa fazer um depósito no Tesouro Direto em nome do cliente, assim, o nível de segurança fica bem parecido com o do Tesouro Selic.
Portanto, as contas que rendem são, também, uma opção para a reserva de emergência. Mas, como esse dinheiro fica bastante acessível, tenha cuidado para não gastá-lo sem necessidade. Nesse caso, vale fazer um depósito em uma aplicação separada, como a função “guardar dinheiro” da Nubank.
Fundos DI
Os fundos de investimento que acompanham a taxa DI e têm liquidez diária também podem ser utilizados como fundo de emergência, desde que rendam 100% dessa taxa ou mais. Além disso, fique atento à tarifas e taxas de administração abusivas que podem prejudicar a sua rentabilidade a ponto de não valer o investimento.
Quando usar a reserva de emergência?
Como o próprio nome já diz, ela é para ser usada em emergências. Coloque nessa lista imprevistos, acidentes, crises e outros momentos como esses. Para exemplificar, aqui vão algumas situações:
- perda de emprego;
- urgências de saúde;
- consertos que não podem esperar;
- falecimento do provedor da família;
- viagens de última hora que não sejam para lazer; e
- pagamento de contas em atraso.
(Redação – Investimentos e Notícias)