Mercado

Azul e Abra Group Assinam Memorando para Potencial Combinação de Negócios

  • 15/01/2025 - 20h40
  • Atualizado 3 semanas atrás
Escrito por: Reuters

A companhia aérea Azul e a Abra Group, controladora da rival Gol, deram nesta quarta-feira mais um passo em direção a uma potencial combinação de negócios no Brasil que formaria uma gigante do setor.

A Azul e a Abra, que mantinham conversas desde o ano passado para “explorar oportunidades”, assinaram um memorando de entendimentos não vinculante para potencial união dos negócios, de acordo com fatos relevantes da Azul e da Gol ao mercado. 

A união das duas empresas, que buscam fortalecer suas operações frente a um cenário desafiador para companhias aéreas na região, deteria cerca de 60% do mercado doméstico, superando os 40% da concorrente Latam, segundo dados da Anac.

O presidente-executivo da Azul, John Rodgerson, disse que a companhia combinada, que continuaria operando as duas marcas de forma separada apesar da estratégia conjunta, seria uma “campeã nacional”.

Perguntado sobre possíveis preocupações do mercado com fatores concorrenciais, Rodgerson mencionou outras empresas com participações dominantes em seus mercados domésticos, como a Latam no Chile, a Lufthansa na Alemanha e IAG no Reino Unido.

“Esses outros países entenderam a importância de ter uma empresa forte que pode crescer. Especialmente uma empresa forte que compra aeronave local”, afirmou o executivo.

A frota da Azul inclui jatos regionais da Embraer, além de aviões tanto de corredor único quanto de corredor duplo fabricados pela Airbus. Já a Gol opera apenas aeronaves Boeing 737.

Rodgerson afirmou que a combinação de negócios permitiria maior conectividade e um menor custo de capital.

O memorando de entendimentos reforça o interesse da Azul e da Abra em continuar as negociações em relação à proposta de troca de ações e marca o início do processo para a obtenção de aprovações regulatórias, incluindo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

“Caso implementada a operação, a Azul e a Gol manterão seus certificados operacionais segregados sob uma única entidade resultante listada, sendo esperado que outras áreas sejam combinadas para oferecer mais oportunidades e produtos aos clientes e obter ganhos de eficiência”, afirmou a Azul no comunicado.

As companhias aéreas têm enfrentado dificuldades financeiras nos últimos anos, especialmente depois da pandemia de Covid-19. A maioria foi forçada a reestruturar dívidas e várias entraram em recuperação judicial.

A própria Gol está em processo de reorganização nos Estados Unidos desde o início de 2024.

Também no ano passado, a Azul teve de fechar acordos com arrendadores para eliminar obrigações em troca de uma participação acionária na empresa, bem como com detentores de títulos para obter novo capital.

Uma combinação de negócios entre as empresas ocorreria após a saída da Gol do processo de recuperação judicial nos EUA.

Nesta quarta-feira, a empresa divulgou um novo plano estratégico de cinco anos estabelecendo bases para a saída do chamado “Chapter 11”, o que deve ocorrer até maio.

A Gol disse em fato relevante que o acordo não impacta a estratégia, condução dos negócios ou operações rotineiras da companhia.

A empresa combinada, segundo Rodgerson, teria três membros do conselho indicados pela Azul, três pela Abra e três membros independentes. A Azul indicaria o presidente-executivo da companhia, e a Abra o presidente do conselho.

Analistas têm destacado que a transação pode ser complexa do ponto de vista regulatório, mas reconhecem que a recente turbulência nos mercados, incluindo a forte desvalorização do real nos últimos meses, pode ter ajudado o negócio a avançar.

A Azul e a Gol, que já operam sob um acordo de codeshare, devem apostar na complementaridade de suas malhas para obter aprovação antitruste, notando que aproximadamente 90% das rotas são complementares e não sobrepostas.

A Gol está mais focada em grandes cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília, enquanto a Azul possui uma malha mais ampla.

Rodgerson disse que as frotas distintas das duas empresas as colocariam em uma posição mais forte para negociar com arrendadores, fabricantes e fornecedores.

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