Apesar de ter oscilado em alta em diferentes momentos da sessão, o dólar fechou a quarta-feira muito perto da estabilidade no Brasil, após o Federal Reserve manter os juros no patamar atual sem dar indicações de progresso no controle da inflação dos EUA.
Investidores ainda aguardavam pelo anúncio do Banco Central do Brasil, à noite, sobre o novo patamar da taxa básica Selic, hoje em 12,25% ao ano.
A moeda norte-americana à vista fechou em leve baixa de 0,02%, aos 5,8682 reais — a menor cotação desde 26 de novembro do ano passado, quando encerrou em 5,8096 reais. Esta foi a oitava sessão consecutiva em que o dólar à vista terminou no território negativo, ainda que em algumas delas a moeda tenha ficado muito perto da estabilidade.
Em janeiro a divisa acumula queda de 5,03%.
Às 17h06 na B3 o dólar para fevereiro — atualmente o mais líquido — subia 0,18%, aos 5,8695 reais.
Eventos da Superquarta
- A decisão sobre juros do Fed, às 16h, acompanhada por entrevista coletiva do chair da instituição, Jerome Powell.
- O anúncio do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil, após as 18h30.
Além disso, o Banco Central realizou às 10h20 leilão de linha (venda de moeda com compromisso de recompra no futuro) de 2 bilhões de dólares, na segunda intervenção no câmbio desde que Gabriel Galípolo assumiu a presidência da autarquia. A operação visava rolagem de um vencimento programado para 4 de fevereiro.
Com as decisões sobre juros largamente precificadas nos ativos — que projetavam manutenção nos EUA e alta de 100 pontos-base no Brasil –, investidores mantiveram a cautela durante a maior parte do dia.
Às 10h55 o dólar à vista marcou a cotação máxima de 5,8899 reais (+0,35%), ensaiando alguma recuperação após as perdas recentes, mas às 12h40 já estava na mínima de 5,8429 reais (-0,45%), sem que houvesse notícias que justificassem nem a venda, nem a compra de moeda.
“Superquarta é assim. Por mais que esteja dado que será mantido (o juro) lá fora e será 100 pontos-base (de alta) aqui, todo mundo fica na expectativa”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Às 16h00 o Fed anunciou a manutenção de sua taxa básica na faixa de 4,25% a 4,50%, como era largamente esperado, e deu poucas informações sobre quando novas reduções nos juros poderão ocorrer.
A instituição retirou do comunicado de política monetária o trecho que dizia que a inflação “progrediu” em direção à meta de inflação de 2%, destacando apenas que o ritmo de aumento dos preços “continua elevado”.
Após a divulgação, os rendimentos dos Treasuries aceleraram, em meio à percepção de que o comunicado do Fed foi hawkish (duro) em relação ao controle da inflação. A leitura de que os juros podem seguir mais elevados nos EUA para segurar a inflação também deu força ao dólar ante boa parte das divisas, incluindo o real. Mas até o fechamento a moeda já havia se reaproximado da estabilidade.
Às 17h15, passado o primeiro impacto da decisão o Fed, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — também já havia desacelerado, com alta de apenas 0,03%, a 107,950.
Pela manhã o Banco Central vendeu, em sua operação diária, 15.000 contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 5 de março de 2025.