Mercado

Vender vinho no Brasil: A taça tá meio cheia ou meio vazia?

  • 27/10/2022 - 19h41
  • Atualizado 2 meses atrás
  • 5 min de leitura

Vender vinho no Brasil é tarefa tranquila, muito fácil mesmo, pois não requer conhecimento, o mercado não é competitivo basta apenas gostar da bebida. É uma verdadeira oportunidade para quem busca lucro rápido e excelente retorno financeiro.

De duas, uma: Se você está envolvido de alguma forma com o mercado de vinhos, no mínimo, seguiu o texto para ver até onde esta loucura ia parar. Ou você se animou e pensou que era o negócio dos seus sonhos! Se você está no segundo grupo, lamento informar que o primeiro parágrafo foi escrito com uma pura dose de ironia e total falta de realidade.

Quando decidi trocar minha carreira de publicitário, trabalhando 15 anos em grande agências multinacionais, sendo a última delas como Diretor de Atendimento da icônica W/Brasil, com o querido amigo e competente Washington Olivetto, fui estudar no instituto inglês WSET (Wine & Spirits Education Trust), a mais reconhecida escola de vinhos do mundo e voltei para abrir a minha consultoria, a Winet, que tem como principais campos de atuação, ministrar cursos, palestras, aulas, degustações, representar marcas e também vender vinhos para consumidores finais e corporativos. Além do meu e meu clube de assinatura, o WinetClub. E de todas as coisas que eu faço, vender vinho é sem dúvida, a mais difícil. Tenho uma equipe incrível que me dá todo o apoio, mas não tenho loja, não tenho estoque e não tenho muitos custos fixos que tantos outros tem. E se é difícil para mim, que vendo sob demanda, imagine para quem tem vários funcionários e custos fixos para pagar?

Mas Deco, por que vender vinho é tão difícil no Brasil?

São vários os motivos, um deles é que temos um mercado muito desunido, que faz poucos movimentos por práticas que possam melhorar o consumo e as políticas comerciais, queimando preços e tendo diferenças abissais de valores para um mesmo vinho. Outra razão são as cargas tributárias gigantes que incidem na cadeia, seja dos produtos nacionais, seja dos importados. Mais um, esse muito falado ultimamente: o descaminho e a falsificação de rótulos predominantemente argentinos. Muitos consumidores, se achando os espertões, compram das inúmeras listinhas de Whastapp e em redes sociais e ainda fazem questão de se gabar que pagaram muito menos, mas no fundo, estão alimentando o crime organizado. E por último, o ego inflado de muita gente neste mercado, que ainda insiste em se mostrar entendedor, criando rituais e mitos desnecessários, afastando o vinho do consumidor que tem curiosidade em experimentar, mas acha o vinho uma bebida de elite, só acessível a quem consegue sentir os aromas da primeira manhã da primavera dos bosques da Romênia, como se eles de fato existissem. Junte tudo isso e tire suas próprias conclusões.

Mas nem tudo está perdido e também não sou o cavaleiro do apocalipse, o pessimista de plantão que enxerga o copo meio vazio. Pelo contrário, sou, por natureza, um otimista e sempre gosto de olhar o copo meio cheio.

Se por um lado o mercado de vinhos tem ainda muitos egos inflados, por outro, há muita gente que, como eu, tenta comunicar o vinho de uma forma simples e próxima das pessoas, mostrando que ele deve e pode ser consumidor em qualquer ocasião. Da piscina e da praia até a mesa com vários pratos elaborados, o vinho tem lugar em todas as ocasiões. Outro ponto a favor é o aumento do consumo nos últimos anos no Brasil. Segundo levantamento da consultoria inglesa Wine Inteligence, em 10 anos, tivemos um aumento de 17 milhões de pessoas que declaravam consumir vinho ao menos uma vez por semana, passando de 22 milhões em 2010, para 39 milhões em 2020. Boa parte por causa da pandemia, já que tivemos que ficar em casa muito tempo e o vinho era uma válvula de escape, um momento de prazer. Outro ponto a favor, é a enorme variedade de rótulos que temos por aqui, de países tradicionais do velho mundo, de países do novo mundo e até de países mais exóticos e que poucos sabem que produzem vinhos, como Áustria, Croácia, Eslovênia, Geórgia e até Marrocos. É muita variedade, para todos os gostos e bolsos. Querem mais um ponto a favor? Temos! Inúmeras escolas, cursos, palestras e degustações Brasil afora para quem quer se aprofundar. Tanto presencial como online!

O cenário é favorável para que o consumo de vinhos continue aumentando e com isso, possamos vender cada vez mais. A concorrência honesta e bem-feita é sempre sadia. A busca pelo conhecimento vai de cada um, mas dá pra ter conhecimento acessando as redes sociais sem custo algum, se, claro, você souber quais são os bons perfis que vão te agregar e ensinar algo, porque tem muita coisa ruim e enganosa por aí. E tudo ficará mais fácil se o mercado se unir e o governo ajudar nas questões tributárias e burocráticas. Aí sim, meu primeiro parágrafo poderá se tornar uma verdade absoluta e seremos todos mais felizes, bebendo mais vinhos.

Deco Rossi, especialista e consultor de vinhos, da Winet

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