O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, disse nesta quarta-feira que as críticas a Israel estão sendo cada vez mais usadas no país como pretexto para alimentar o ódio contra os judeus.
Falando em um evento para marcar o 75º aniversário da fundação do Conselho Central dos Judeus, Merz disse que o antissemitismo “se tornou mais alto, mais aberto, mais descarado, mais violento quase todos os dias” desde os ataques liderados pelo Hamas contra o território de Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadearam a guerra de Gaza.
“‘Críticas a Israel’ e a inversão mais grosseira entre agressor e vítima são cada vez mais um pretexto sob o qual o veneno do antissemitismo é espalhado”, disse ele.
A Alemanha é o segundo maior fornecedor de armas de Israel, depois dos Estados Unidos, e há muito tempo é um de seus mais firmes apoiadores, principalmente por causa da culpa histórica pelo Holocausto nazista.
No entanto, no mês passado, a Alemanha suspendeu as exportações de armamentos que poderiam ser usados na Faixa de Gaza devido ao plano de Israel de expandir suas operações no local — a primeira vez que a Alemanha reunificada reconheceu ter negado apoio militar ao seu aliado de longa data.
A decisão foi tomada após a crescente pressão da opinião pública e do membro minoritário da coalizão que governa a Alemanha sobre a crise humanitária provocada em Gaza, onde Israel restringiu severamente o fornecimento de alimentos e água.
Em seu discurso em Berlim, nesta quarta-feira, Merz mencionou a mudança de posição, dizendo que as críticas ao governo israelense “devem ser possíveis”, mas acrescentou: “Nosso país sofre danos à sua própria alma quando essa crítica se torna um pretexto para o ódio aos judeus, ou se até mesmo leva à exigência de que a Alemanha dê as costas a Israel”.
(Com Reuters)