Como investir na Bolsa americana? Veja como funciona Como investir na Bolsa americana? Veja como funciona
Bolsa de Valores

Como investir na Bolsa americana? Saiba como funciona

  • 09/06/2025 - 11h12
  • Atualizado 5 meses atrás
  • 9 min de leitura

Uma pesquisa recente, realizada em maio de 2024, mostrou que os brasileiros já têm bens no exterior que, juntos, somam R$ 1,1 trilhão. Os dados são da Receita Federal.

No ano anterior, em 2023, 816,1 mil declarações incluíam bens lá fora, contra 263,5 mil em 2018. Ou seja, é um aumento de cerca de 200% em cinco anos.

Vale ressaltar que mais da metade desses investimentos é em ações.

Mas afinal, como investir na Bolsa americana? De que forma colocar seu capital em investimentos no exterior?

Neste artigo, vamos mostrar como esse processo funciona e de que forma você pode começar a diversificar seu portfólio com essas aplicações. Vamos lá?

Como investir na Bolsa americana?

Se você quer investir no exterior, precisa entender que existem duas formas de fazer isso, seja investindo indiretamente no Brasil ou abrindo uma conta em uma corretora internacional.

Funciona da seguinte maneira:

Investimento indireto (pelo Brasil)

  • BDRs (Brazilian Depositary Receipts): são certificados de depósito de ações estrangeiras negociados na B3 em reais. Você compra BDRs como se comprasse ações, mas está investindo indiretamente em empresas como Google, Apple, Amazon ou Tesla, sem precisar enviar dinheiro para fora do Brasil. A vantagem é a simplicidade e a negociação em reais.
  • ETFs Internacionais: são Fundos de índice com cotas negociadas na B3 que replicam índices de mercado estrangeiros (ex: S&P 500). Comprando um ETF, você investe em um grupo de empresas ou mercados internacionais, sem a necessidade de abrir conta no exterior.
  • Fundos Globais: são Fundos de Investimento gerenciados por instituições financeiras brasileiras que alocam o capital dos cotistas em ativos no exterior.

Investimento direto (abertura de conta internacional)

Você abre uma conta em uma corretora de valores do país de destino do dinheiro, geralmente nos Estados Unidos, e adquire os ativos que quiser diretamente.

Muitas corretoras brasileiras já oferecem essa opção, com contas globais, ou você pode optar por corretoras estrangeiras que aceitam investidores brasileiros.

Tributação ao investir na Bolsa americana

A tributação é um ponto que não pode ser deixado de lado. Portanto, preste atenção às seguintes taxas e tributos:

  • IOF (Imposto sobre Operações Financeiras): incide sobre o valor da remessa cambial para o exterior (0,38% para investimentos).
  • Imposto de Renda (IR) sobre ganhos de capital:
    • A alíquota é progressiva, de 15% a 22,5%, dependendo do valor do lucro.
    • Importante: há isenção de IR sobre o lucro líquido para vendas de até R$ 35 mil no mês (acumulado em todos os investimentos no exterior). Acima desse valor, o IR é devido e deve ser pago mensalmente via carnê-leão. A apuração é sempre feita em reais.
  • Imposto de Renda (IR) sobre dividendos:
    • Nos EUA, os dividendos sofrem uma retenção na fonte de 30%.
    • No Brasil, esses dividendos também são tributados via carnê-leão (alíquotas progressivas de 7,5% a 27,5%).
    • Acordo de Não Bitributação: apesar de não haver um acordo formal entre Brasil e EUA para bitributação, o imposto pago nos EUA (30% sobre dividendos) pode ser compensado no Imposto de Renda brasileiro, para evitar que você pague imposto duas vezes sobre o mesmo rendimento.
  • Declaração anual de ajuste: todos os investimentos e rendimentos no exterior devem ser declarados anualmente no seu Imposto de Renda.
  • Declaração ao Banco Central (CBE): se o seu patrimônio no exterior (incluindo investimentos) ultrapassar US$ 1 milhão, você precisará fazer uma declaração anual ao Banco Central do Brasil (CBE – Capitais Brasileiros no Exterior).

Quais são as principais Bolsas norte-americanas?

Quando se fala em Bolsa americana, geralmente estamos nos referindo às duas maiores e mais influentes bolsas de valores dos Estados Unidos: a New York Stock Exchange (NYSE) e a NASDAQ (National Association of Securities Dealers Automated Quotation System).

New York Stock Exchange (NYSE)

A NYSE é a maior Bolsa de Valores do mundo em valor de mercado e uma das mais antigas e tradicionais. Fundada em 1792, ela está localizada em Wall Street, no coração financeiro de Nova York.

Tradicionalmente, a NYSE é associada a grandes empresas de setores mais “antigos” ou “tradicionais”, as chamadas “blue chips”, como indústrias, bancos, empresas de bens de consumo, energia e serviços. Exemplos incluem Coca-Cola, McDonald’s, Nike, JP Morgan Chase, entre outras.

A NYSE ainda utiliza um sistema de negociação híbrido, combinando a negociação eletrônica com a presença de operadores no pregão físico (o “floor“), embora a maior parte das transações seja eletrônica hoje em dia.

Os índices mais famosos que acompanham o desempenho das empresas listadas na NYSE são o Dow Jones Industrial Average (DJIA) e o S&P 500. O NYSE Composite é um índice que inclui todas as ações negociadas na NYSE.

NASDAQ (National Association of Securities Dealers Automated Quotation System)

A NASDAQ é a segunda maior Bolsa de Valores do mundo em capitalização de mercado e é famosa por ser o lar de muitas das maiores empresas de tecnologia e crescimento. Ela foi fundada em 1971 e se destaca por seu sistema de negociação totalmente eletrônico.

É o ambiente preferido para empresas inovadoras e de alto crescimento, especialmente do setor de tecnologia. Gigantes como Apple, Microsoft, Amazon, Google (Alphabet), Meta (Facebook) e Tesla estão listadas na NASDAQ.

É uma Bolsa totalmente eletrônica e automatizada, sem um pregão físico. Isso a torna muito eficiente e rápida para a execução de ordens.

Os índices mais conhecidos da NASDAQ são o Nasdaq Composite Index – que inclui todas as ações listadas na NASDAQ, mais de 2.500 ativos – e o Nasdaq 100, que acompanha as 100 maiores empresas não-financeiras listadas na NASDAQ.

Quanto rende investir na Bolsa americana?

Essa pergunta não tem uma resposta única, pois o rendimento na Bolsa de Valores é variável e depende de uma série de fatores, incluindo:

  • Período de investimento: retornos de curto prazo podem ser muito diferentes dos de longo prazo. A Volsa é mais volátil no curto prazo.
  • Ativos escolhidos: ações individuais podem ter desempenhos muito distintos. Investir em um índice amplo, como o S&P 500, oferece um retorno médio das maiores empresas americanas.
  • Conjuntura econômica: períodos de crescimento econômico geralmente impulsionam a Bolsa, enquanto recessões podem gerar quedas.
  • Inflação e taxas de juros: o ambiente de juros e inflação impacta diretamente o valor das empresas e o apetite por risco dos investidores.
  • Moeda de referência: para o investidor brasileiro, o rendimento em dólar precisa ser convertido para real, e a variação cambial pode impactar o retorno final em reais.

Para entender melhor, vamos observar o retorno histórico do S&P 500, o índice mais utilizado como referência para o desempenho do mercado de ações americano, representando as 500 maiores empresas dos EUA.

Historicamente, o S&P 500 tem apresentado um retorno médio anualizado de cerca de 10% a 12% em dólares no longo prazo (considerando décadas).

Veja alguns exemplos de retornos recentes em dólar, sem considerar a conversão para real e impostos:

  • Em 2024, o S&P 500 teve um retorno de cerca de 23,31%.
  • Em 2023, o retorno foi cerca de 24,23%.
  • Em 2022, houve uma queda de aproximadamente -19,44%.
  • Em 2021, o retorno foi de cerca de 26,89%.
  • Em 2020, mesmo com a pandemia, o retorno foi de 16,26%.
  • Em 2019, o retorno foi de 28,88%.
  • Nos últimos 10 anos, o S&P 500 acumulou uma valorização considerável, com investidores que aplicaram desde 2014 até agora quase dobrando o montante em dólar.

Dessa forma, para calcular o retorno de um investimento na Bolsa americana, você precisa considerar:

  • Valorização da cotação: a diferença entre o preço de venda e o preço de compra do ativo.
  • Dividendos recebidos: soma de todos os dividendos pagos pela empresa/ETF no período.
  • Variação cambial: o impacto da taxa de câmbio (dólar x real) no seu retorno.
  • Custos e impostos: desconte todas as taxas, corretagens e impostos pagos.

    A fórmula básica para o Retorno sobre Investimento (ROI) é a seguinte:

    ROI= Custo do investimento(ganho com o investimento−custo do investimento)​×100

    Para investimentos no exterior, essa fórmula precisa ser adaptada para considerar as conversões de moeda e as deduções de impostos e taxas em cada etapa.

    Isso significa que a Bolsa americana tem um bom histórico de rentabilidade no longo prazo, mas o “quanto rende” para você dependerá da sua estratégia, dos ativos escolhidos, da sua tolerância ao risco e da dinâmica do câmbio.

    É importante também ressaltar que rentabilidade passada não garante rentabilidade futura. O desempenho histórico do mercado americano é impressionante, mas não há garantia de que se repetirá da mesma forma.

    Ademais, riscos são inerentes aos investimentos em Renda Variável. Você pode ter perdas, principalmente no curto prazo.

    Sem contar que diversificação é fundamental. Ou seja, não coloque todos os seus recursos em um único ativo.

    Quais os prós e contras de investir no exterior?

    Até aqui, você viu de que forma investir na Bolsa americana.

    Inclusive, investir no exterior se tornou uma opção cada vez mais acessível para os brasileiros, oferecendo uma maneira eficaz de diversificar o portfólio e proteger o poder de compra do seu dinheiro.

    Dessa forma, há várias razões para considerar investir no exterior, sendo a principal delas a diversificação.

    Ao alocar parte do seu capital fora do Brasil, você reduz a exposição a riscos econômicos e políticos de um único país, o que pode trazer mais estabilidade para seus investimentos.

    Além disso, investir em moedas fortes como o dólar ou o euro oferece proteção cambial, resguardando seu capital contra a volatilidade e a desvalorização do real.

    O mercado internacional também proporciona acesso a mercados consolidados e a novos ativos, permitindo que você invista em grandes corporações globais, setores inovadores e produtos financeiros que talvez não estejam disponíveis no Brasil, o que pode resultar em um potencial de maior rentabilidade a longo prazo.

    Contudo, apesar dos benefícios, investir no exterior também tem seus riscos, como a volatilidade cambial, que pode afetar seus retornos em reais.

    Há também os riscos políticos e econômicos do país de destino, que podem impactar seus investimentos, e a complexidade regulatória e tributária pode ser um desafio.

    Enfim, para investir na Bolsa americana, é essencial pesquisar, entender o funcionamento do mercado estrangeiro e, se possível, buscar a orientação de um profissional qualificado para construir uma carteira alinhada aos seus objetivos e perfil de risco.

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